domingo, 4 de setembro de 2011

Disputa entre tablets e PC dá vitória à tecnologia

Enquanto um executivo da IBM profetiza o fim da era dos PCs, outro, da Intel, afirma haver ainda muito mercado para o equipamento, que vem perdendo espaço para os portáteis. Razões à parte, sempre é válido discutir o futuro


A era dos PCs está mesmo nos últimos dias ou os velhos companheiros de tantas batalhas sobreviverão ainda por muito tempo, convivendo com diversos outros equipamentos que a tecnologia se encarrega de criar a todo instante? Afinal, qual é o futuro da computação?

Mark Dean, executivo responsável pela gestão da tecnologia da IBM e um dos 12 engenheiros que projetaram o primeiro PC, em 1981, afirmou recentemente que os computadores pessoais “estão seguindo o caminho da válvula, da máquina de escrever, dos discos de vinil, do monitor de tubo e das lâmpadas incandescentes”. Só para lembrar, a IBM vendeu sua divisão de PCs em 2005.

“O PC já morreu tantas vezes... Desafio você a me dar o seu notebook e ficar somente com um tablet para trabalhar”, provocou Shmuel Mooly Eden, vice-presidente e gerente geral do PC Client Group da Intel, em resposta a um jornalista que insistia em dizer que a empresa segue sentido contrário ao dos  concorrentes, que investem nos tablets. O debate foi realizado, na semana passada, em São Paulo, durante conferência anual da Intel, evento que reúne parceiros para discutir tendências tecnológicas é o futuro da computação foi o tema abordado. Shmuel Mooly Eden veio especialmente dos Estados Unidos para participar da conferência. 

Quem tem razão, só o tempo dirá. Mas, observando como as pessoas acompanham e usam a tecnologia atualmente, o PC continuará existindo e tendo sua utilidade da mesma forma que os demais equipamentos que regularmente passam a integrar nosso dia a dia. Um exemplo é a casa do engenheiro Geraldo Luís Barbosa, de 48 anos. Com relação a equipamentos eletrônicos, lá parece coração de mãe: sempre cabe mais um filho, ou, no caso, um aparelho. iPods, iPad, iPhone e notebooks convivem harmoniosamente no espaço do lar, todos com suas funções específicas e momento ideal de utilização. Cada integrante da família, três filhas e a esposa, tem seu gadget preferido. 
A família Barbosa é um exemplo contrário à visão de Mark Dean e aos boatos apocalípticos que determinam o fim da era dos PCs com a chegada dos computadores portáteis e, agora, das pranchetas digitais. Afinal, mostra a história que uma mídia não excluiu a outra, elas se completam. Dizia-se que o rádio iria acabar com a chegada da TV. E esta, por sua vez, morreria perante a internet. No entanto...


Tablets, só mais uma modinha?


Uma pesquisa, divulgada esta semana, indica estar havendo uma substituição dos computadores por dispositivos móveis. Segundo o levantamento, somente 4% a 5% das pessoas que usam PCs hoje precisam realmente deles. Essa tendência foi apontada pelo pesquisador americano Jeff Cole, da UCLA e da USC Annenberg School of Communication & Journalism. Para ele, vantagens como a rápida inicialização dos tablets e a facilidade de manuseá-los se sobressaem aos recursos oferecidos pelos computadores pessoais.


Nesley Daher, 41 anos, professor de engenharia de software, banco de dados e programação de computadores da PUC Minas, acredita que as pranchetas digitais atendem aspectos que não são o viés dos notebooks e desktops. "Elas servem bem para usuários com aplicações de leitura, visualização de fotos e acesso a contas bancárias. Para um profissinal que precisa de um sistema aberto para usar programas variados, não atendem de forma satisfatória", considera o professor.


Para César Adriano de Oliveira, 43 anos, professor coordenador do projeto Informática e Tecnologia do Coltec/UFMG, os tablets viraram modismo, artigos de consumo, como os smartphones. Ele acredita que estamos entrando na fase de notebooks cada vez mais poderosos e finos, tão portáteis quanto os tablets, mas com melhor capacidade.


Se entre os profissionais do ramo já virou consenso que, apesar das previsões, não podemos falar no fim da era dos computadores pessoais, a questão atual a se debater é qual o espaço a ser ocupado pelas pranchetas digitais e em que elas devem influenciar os novos PCs.


Fonte: Caderno Informática - Jornal Estado de Minas - Publicação: 01/09/2011